Ajuste Fiscal: IPTU 2026 terá novo cálculo após redução de desconto para compensar perdas de receita e correção inflacionária é aplicada

Repórter Jota Silva
Na sessão ordinária desta terça-feira (30), o plenário da Câmara de Maringá analisou nove projetos e 13 requerimentos de informação ao Executivo.

O Plenário da Câmara Municipal de Maringá aprovou em primeira discussão, na sessão desta terça-feira (30), o Projeto de Lei Complementar 2.393/2025, do Executivo, que estabelece a Planta de Valores Genéricos de Edificações e Terrenos e as regras de tributos para o exercício de 2026.

A principal mudança é a que levará a uma atualização no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).

O texto aprovado propõe a correção inflacionária de 5,3% e um desconto de 25% sobre o valor venal dos imóveis, em vez dos atuais 40%. A atualização se torna necessária para compensar perdas significativas na arrecadação prevista para 2026. A diminuição da participação dos municípios na receita do imposto estadual IPVA resultará em cerca de R$ 100 milhões a menos na arrecadação em Maringá. Além disso, a previsão do recolhimento do Imposto de Renda diretamente pela a União deverá impactar especialmente cidades com economia baseada em serviços, como é o caso do município.

A necessidade da recomposição da arrecadação por meio da atualização do IPTU tem como base a correção de distorções históricas na arrecadação do IPTU e o cumprimento de obrigações fiscais. A planta genérica de valores, que é utilizada para a base de cálculo do IPTU, não é atualizada em Maringá há mais de 20 anos, embora a portaria nº 511/2009 do TCE-PR determine a revisão a cada quatro anos. 

Novo Cálculo do IPTU e Justificativa

O texto aprovado inclui duas alterações principais no cálculo do valor venal dos imóveis, que serve de base para o imposto:

  1. Redução do Desconto Histórico: O desconto aplicado sobre o valor venal será reduzido de 40% para 25%.
  2. Correção Inflacionária: A esse novo valor será aplicada a correção inflacionária dos últimos 12 meses, calculada em 5,32%.

A proposta encaminhada pelo Executivo foi apresentada como medida de adequação legal às recomendações do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) e de preservação do equilíbrio fiscal, diante de alterações em impostos estaduais que impactarão o orçamento dos municípios a partir do próximo ano, além de modificações em tributos federais que afetarão as arrecadações nas cidades. 

Segundo o secretário municipal de Fazenda, Carlos Augusto Ferreira, a medida visa compensar a perda de receita do município causada pela redução do IPVA estadual e pela provável isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais, prevista em projeto no Congresso Federal.

“O município não pode abrir mão de arrecadações em um momento em que terá de enfrentar novas pressões sobre o orçamento. A atualização do IPTU é um passo importante para que a cidade cumpra a determinação do TCE, assegure equilíbrio fiscal e possa manter a continuidade dos investimentos em saúde, educação, assistência social e infraestrutura”, afirmou o secretário de Fazenda, Carlos Augusto Ferreira.

Secretário de Fazenda, Carlos Augusto Ferreira
Secretário de Fazenda, Carlos Augusto Ferreira

Descontos para Pagamento em Cota Única

Para os contribuintes que optarem por quitar o IPTU 2026 em parcela única, serão mantidos os seguintes descontos:

  • 10% de desconto para pagamento até a data de vencimento da primeira cota única (em fevereiro).
  • 7% de desconto para pagamento até a data de vencimento da segunda cota única (em março).

A segunda votação ocorrerá na sessão de quinta-feira, 2.

Investimentos para a População

Os recursos adicionais provenientes do IPTU serão destinados ao Plano Plurianual (PPA) 2026-2029, que reúne 26 programas prioritários e obras. Entre as obras previstas estão a implantação da UPA Zona Leste, a reforma do Hospital Municipal, a construção de novas unidades de saúde, a ampliação de Cmeis e escolas, além de abrigos sociais e restaurantes populares. Também está garantida a continuidade de empreendimentos de grande porte, como o Centro de Eventos Oscar Niemeyer e o Eixo Monumental.

Ferreira destacou que a medida não substitui a necessidade de uma revisão mais ampla da planta genérica de valores, que permanece defasada e não será atualizada neste momento. “Ainda estamos aplicando um desconto significativo sobre uma base que é antiga. No entanto, a mudança já representa um avanço em termos de justiça fiscal e contribui para preservar a capacidade de investimento do município”, completou.

O secretário de Saúde, Antônio Carlos Nardi, ressalta que os recursos para os serviços de saúde representam cerca de 20% da receita municipal. “Os recursos municipais são fundamentais para manutenção e ampliação dos atendimentos na rede básica de saúde, além dos procedimentos especializados, como as consultas com especialistas, exames e cirurgias. Estamos trabalhando na redução da fila de procedimentos e, para isso, os recursos são fundamentais”, disse. 

O secretário de Infraestrutura, Limpeza Urbana e Defesa Civil, Vagner Mussio, explica que todas as melhorias e obras realizadas pelo município, como recapeamento asfáltico, reformas de espaços públicos, e os serviços de limpeza dependem da receita municipal. “Os recursos obtidos por meio da arrecadação dos impostos são investidos diretamente para qualidade de vida dos maringaenses. É o que vai proporcionar o asfalto novo, a ampliação dos serviços de arborização e coleta de resíduos, a renovação da frota de maquinários, que está sucateada, entre outros diversos serviços públicos de qualidade”, disse.

Câmara de Maringá Autoriza Empréstimo de R$ 65 Milhões ao Executivo

Tamém na sessão desta terça-feira (30), a Câmara Municipal de Maringá aprovou em primeira discussão, com 18 votos favoráveis, o Projeto de Lei 17.737/2025, de autoria do Executivo, que autoriza a contratação de uma operação de crédito de até R$ 65.000.000,00.

O empréstimo será feito junto ao Banco do Brasil S.A., com garantia da União, seguindo as normas fiscais vigentes.

Destino Obrigatório dos Recursos

A lei aprovada estabelece que os recursos provenientes deste financiamento devem ser obrigatoriamente aplicados em despesas de capital.

Isso significa que o dinheiro deve ser usado em investimentos estruturais e de longa duração, como obras, aquisição de equipamentos e amortização/liquidação de dívidas classificadas como despesa de capital.

Conforme a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), é vedada a utilização desses R$ 65 milhões em despesas correntes (como custeio da máquina pública ou folha de pagamento).

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