Em uma reportagem, a Bloomberg destacou o relatório anual de direitos humanos do Departamento de Estado dos Estados Unidos, que direcionou críticas ao Brasil e à África do Sul. O documento, que serve como um registro das violações em outros países, suavizou as críticas a nações como Israel e El Salvador, alinhando-se com as prioridades políticas da administração de Donald Trump. O relatório foi enviado ao Congresso na terça-feira, 12 de agosto.
Críticas ao Brasil
O relatório ampliou as denúncias ao Brasil, criticando o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes por suposta “perseguição” ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo o Departamento de Estado, o governo Lula “suprime desproporcionalmente o discurso de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro”.
O documento menciona Moraes especificamente, afirmando que ele “ordenou pessoalmente a suspensão de mais de 100 perfis de usuários na plataforma de mídia social X“. As contas foram removidas devido à disseminação de desinformação e notícias falsas no âmbito de inquéritos do STF.
Além disso, a reportagem cita que o governo Trump acionou a Lei Magnitsky para aplicar sanções a Moraes, alegando “graves abusos de direitos humanos”, incluindo detenções arbitrárias e negação de garantias de julgamento justo. Eduardo Bolsonaro, em sua conta no X, comentou que “O Brasil cada vez mais sendo reconhecido internacionalmente como um violador de direitos humanos.”
O Brasil cada vez mais sendo reconhecido internacionalmente como um violador de direitos humanos.
*Via @Bloomberg https://t.co/64b1OG3Ido pic.twitter.com/aetm6yBekE
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) August 12, 2025
Situação na África do Sul
O relatório também visa a África do Sul por supostos maus-tratos a agricultores africâneres brancos. A reportagem aponta que o foco está no que o governo Trump chama de “expropriação de terras de africâneres e novos abusos contra minorias raciais no país”. Em resposta, Washington suspendeu a ajuda humanitária e planeja boicotar a reunião do G20 em Joanesburgo. O presidente americano também abriu as portas para receber 60 “refugiados” da “perseguição racial contra brancos” na nação africana, enquanto interrompeu outros programas de asilo.
Mudança de Posicionamento e Reações
O documento eliminou descrições anteriores sobre abusos em El Salvador, Israel e Rússia. Uzra Zeya, uma alta autoridade em direitos humanos durante o governo Biden, que agora lidera a ONG Human Rights First, declarou que o secretário de Estado Marco Rubio está tentando “transformar e distorcer a política de direitos humanos em uma arma”.
Ativistas e críticos do governo Trump dizem que as alegações sobre Brasil e África do Sul são exageradas. A reportagem da Bloomberg ainda menciona que, dentro do Departamento de Estado, há divisões sobre a politização do processo de elaboração dos relatórios.