A Ucrânia informou que a Rússia lançou um míssil balístico intercontinental durante a noite, visando a cidade de Dnipro, no centro-leste do país, o que, se confirmado, seria a primeira vez que Moscou usaria um míssil desse tipo na guerra.
Em uma declaração na quinta-feira no aplicativo de mensagens Telegram, a força aérea da Ucrânia não especificou o tipo exato de míssil, mas disse que ele foi lançado da região russa de Astrakhan, que faz fronteira com o Mar Cáspio.
O relatório disse que um míssil balístico intercontinental foi disparado contra a cidade de Dnipro junto com outros oito mísseis, e que os militares ucranianos abateram seis deles.
Duas pessoas ficaram feridas como resultado do ataque, e uma instalação industrial e um centro de reabilitação para pessoas com deficiência foram danificados, de acordo com autoridades locais.
Embora o alcance de um ICBM pareça excessivo para uso contra a Ucrânia, tais mísseis são projetados para transportar ogivas nucleares, e o uso de um deles serviria como um lembrete assustador da capacidade nuclear da Rússia e uma mensagem poderosa de potencial escalada.
Segundo os militares ucranianos, o míssil intercontinental foi lançado da região de Astrakhan, no sul da Rússia, em ataque a Dnipro, no centro-leste da Ucrânia, na manhã desta quinta. As duas cidades são separadas por 1 mil km.
O ataque russo teve como alvo empresas e infraestrutura crítica na cidade, segundo a Força Aérea ucraniana. O governador regional, Serhiy Lysak, afirmou que o ataque de mísseis russo danificou uma instalação industrial e provocou incêndios em Dnipro. Duas pessoas ficaram feridas.
O ataque acontece dois dias após o presidente russo Vladimir Putin assinar uma doutrina nuclear revisada que reduz formalmente o limite para o uso de armas nucleares pelo país. A Ucrânia disparou na terça-feira vários mísseis de longo alcance fornecidos pelos americanos e, segundo relatos, disparou Storm Shadows de fabricação britânica na quarta-feira contra a Rússia.
O Ministério da Defesa russo disse em um comunicado na quinta-feira que seus sistemas de defesa aérea derrubaram dois mísseis Storm Shadow de fabricação britânica, seis foguetes HIMARS e 67 drones. O anúncio veio no resumo diário do ministério sobre as ações militares na Ucrânia.
A declaração não disse quando ou onde exatamente aconteceu ou o que os mísseis estavam mirando. Este não é o primeiro anúncio público de Moscou sobre a derrubada de mísseis Storm Shadow, já que a Rússia relatou anteriormente ter derrubado alguns sobre a Península da Crimeia anexada.
Os desenvolvimentos ocorrem à medida que a guerra assume uma crescente dimensão internacional com a chegada de tropas norte-coreanas para ajudar a Rússia no campo de batalha — um desenvolvimento que autoridades dos EUA disseram ter motivado a mudança de política do presidente dos EUA, Joe Biden, em permitir que a Ucrânia dispare mísseis de longo alcance dos EUA contra a Rússia. O Kremlin respondeu com ameaças de intensificar ainda mais.
Putin já havia alertado os EUA e outros aliados da OTAN que permitir que a Ucrânia usasse armas de longo alcance fornecidas pelo Ocidente para atingir território russo significaria que a Rússia e a OTAN estariam em guerra.
E a nova doutrina permite uma potencial resposta nuclear de Moscou, mesmo a um ataque convencional à Rússia por qualquer nação apoiada por uma potência nuclear.
Embora a doutrina preveja uma possível resposta nuclear da Rússia a um ataque convencional, ela é formulada de forma ampla para evitar um compromisso firme de usar armas nucleares e manter as opções de Putin em aberto.