Mesmo com alto volume de chuvas, obras de canais do Parque do Ingá não apresentam resultado esperado

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IAM identificou falhas de planejamento, nos estudos de concepção e incompatibilidades hidráulicas no sistema de drenagem implantado no Parque do Ingá após as obras, que iniciaram em 2024 (Credito: Rafael Macri / PMM)

Instituto Ambiental de Maringá identificou falhas de planejamento e ineficiência do sistema de drenagem iniciado em 2024

Apesar do alto volume de chuvas registrado nos meses de setembro e outubro, os canais de drenagem do Parque do Ingá, que deveriam aumentar o nível d’água no lago, não apresentaram o resultado esperado. Nesta quinta-feira, 23, durante reunião do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema), o Instituto Ambiental de Maringá (IAM) apresentou um relatório técnico que identificou falhas de planejamento, nos estudos de concepção e incompatibilidades hidráulicas no sistema de drenagem implantado no Parque do Ingá após as obras, que iniciaram em 2024.

As obras, que tiveram investimento total de R$ 1,8 milhão, previam a implantação de dois pontos de desvios parciais nos canais de drenagem internos do parque, com o objetivo de direcionar parte da água da chuva ao lago, que é artificial. O projeto previa que 25% do volume de água do canal de drenagem seriam captados e desviados para o lago artificial, reduzindo o volume que chega ao Córrego Moscados.

No entanto, a equipe do IAM identificou que houve planejamento inadequado e ineficiência do sistema de drenagem do Parque do Ingá. O diretor-presidente do IAM, José Roberto Behrend, explica que o levantamento foi elaborado a partir do acompanhamento de três eventos de chuva significativos ocorridos após a conclusão das obras. As equipes acompanharam o comportamento do sistema de drenagem nos dias 22 de setembro, quando choveu 40 mm, 14 de outubro (43 mm) e 18 de outubro (78 mm).

“O ponto crítico está no canal oeste, que apresentou ausência de escoamento mesmo durante chuvas intensas, o que indica erro de concepção hidráulica, com desnível insuficiente para atingir o vertedouro da água no ponto de entrada”, explica Behrend. Ele acrescenta que o canal leste também apresentou ineficiências. “A posição das grades dificultou a capacidade de autolimpeza do sistema, favorecendo o acúmulo de folhas e bloqueios no fluxo de água, o que causou transbordamentos e aumentou a necessidade de manutenção.”

As causas mais prováveis do não funcionamento da obra estão relacionadas a divergências entre o projeto e as condições reais do terreno. “Variação de declividade, diferenças entre os perfis teóricos e os de campo, equívocos no cálculo de vazão e subdimensionamento das estruturas. Os resultados indicam que o problema está no planejamento, na concepção e no projeto, e não na execução”, afirma Behrend.

Behrend ressalta que o sistema precisará ser reavaliado. “O planejamento hidráulico precisa ser revisto para garantir que as estruturas cumpram sua função e assegurem o equilíbrio ambiental do Parque do Ingá”, diz.

O IAM notificou os responsáveis pelas etapas de estudo, projeto e execução para que apresentem esclarecimentos técnicos e documentais sobre as falhas identificadas. O órgão também analisa medidas corretivas para aperfeiçoar os sistemas de drenagem e garantir a eficiência e sustentabilidade das intervenções. Até o momento, foram gastos R$ 2.058.747,55, sendo R$ 268.748,00 na contratação da etapa de planejamento (estudos e projetos) e R$ 1.789.999,55 na execução das obras.

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