O número de migrantes mortos num naufrágio ocorrido na madrugada deste domingo (26) perto da cidade italiana de Crotone, na Calábria, no Sul do país, é de pelo menos 59, informou o administrador local, Vincenzo Voce.
Em balanço anterior, equipes de socorro italianas indicavam 45 corpos de migrantes encontrados e 80 sobreviventes.
Elas advertiram, no entanto, que esse número poderia aumentar. Entre as vítimas encontram-se muitas crianças, incluindo um recém-nascido, e mulheres, segundo relatos dos socorristas.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, expressou, em comunicado, “profundo pesar” pela tragédia. Disse que é “criminoso colocar um barco de 20 metros com 200 pessoas a bordo e uma previsão de mau tempo” no mar.
A incerteza quanto ao número de vítimas deve-se a diferentes relatos dos sobreviventes quanto às pessoas que viajavam no barco que naufragou.
O número de passageiros citado por sobreviventes varia entre 150 e 250, disseram elementos das equipes de socorro, admitindo haver dificuldades de comunicação com os migrantes por causa da língua. A imprensa italiana noticiou que os migrantes são do Iraque, Irã, da Síria e do Afeganistão. Também foi citada a presença de paquistaneses.
Segundo a guarda costeira, o barco partiu-se nas rochas a poucos metros da costa, no momento em que o mar estava muito agitado.
As imagens da polícia italiana mostramdestroços de madeira espalhados ao longo de uma centena de metros da praia, onde muitos socorristas e sobreviventes estavam à espera de serem transferidos para um centro de acolhimento.
Meloni disse que o governo está empenhado em evitar a partida de barcos em condições que resultem em tragédias como a de hoje, e prometeu continuar a fazê-lo, “exigindo sobretudo a maior colaboração dos Estados de partida e de origem”.
O naufrágio ocorre poucos dias depois de o Parlamento ter aprovado novas regras controversas sobre o resgate de migrantes, formuladas pelo Executivo dominado pela extrema-direita.
Meloni, líder do partido de extrema-direita Fratelli d`Italia (FDI), assumiu a chefia de um governo de coligação em outubro de 2022, após prometer reduzir o número de migrantes que chegavam à Itália.
A nova lei obriga os navios humanitários a efetuar apenas um salvamento de cada vez, o que, segundo os críticos, aumenta o risco de morte no Mediterrâneo central, considerado a travessia mais perigosa do mundo para os migrantes.
A localização geográfica da Itália se torna destino privilegiado para os requerentes de asilo que se deslocam do Norte da África para a Europa. Roma há muito se queixa do número de chegadas em seu território.
Em reação a essa tragédia, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, pediram aos Estados-membros que acelerem um acordo sobre política migratória.
Segundo o Ministério do Interior, quase 14 mil migrantes desembarcaram na Itália desde o início do ano, contra cerca de 5.200 durante o mesmo período do ano passado e 4.200 em 2021.