Itaipu atinge marco de 3,1 bilhões de MWh e reforça papel estratégico na matriz energética

Carlos Jota Silva
Itaipu atinge marco de 3,1 bilhões de MWh e reforça papel estratégico na matriz energética

A Usina Hidrelétrica de Itaipu alcançou um marco histórico: a produção de 3,1 bilhões de megawatts-hora (MWh) desde o início de sua operação em 1984. O feito, atingido na última sexta-feira (5), foi divulgado pela Itaipu Binacional e consolida a usina como a maior produtora de energia elétrica do mundo.

Para se ter uma ideia, essa quantidade de energia seria suficiente para abastecer o Brasil por mais de seis anos ou o mundo inteiro por 44 dias. Localizada na fronteira entre Brasil e Paraguai, a usina é um exemplo de cooperação binacional, como destacou Enio Verri, diretor-geral brasileiro de Itaipu: “É o reflexo de décadas de trabalho conjunto […] e compromisso com o desenvolvimento sustentável.”


Do racionamento à segurança energética

A Itaipu, construída a partir de 1973, começou a gerar energia em 1984. Sua produção bilionária é resultado de um crescimento contínuo, com marcos importantes ao longo da história:

  • 2001: 1 bilhão de MWh, durante a crise de racionamento de energia no Brasil.
  • 2012: 2 bilhões de MWh.
  • 2024: 3 bilhões de MWh.

Além da quantidade, a usina tem um papel vital para a segurança do Sistema Interligado Nacional (SIN) brasileiro. Com o avanço de fontes intermitentes como a solar e a eólica, a capacidade de geração instantânea de Itaipu age como uma “bateria natural” do sistema, suprindo a demanda em horários de pico, como no final da tarde. Em alguns momentos, a usina chega a atender até 30% da demanda nesses picos.


O futuro da energia: novas fontes e demanda crescente

Atualmente, a Itaipu responde por cerca de 9% do consumo de energia elétrica brasileiro. A produção é dividida igualmente com o Paraguai, que historicamente não consumiu toda a sua cota e vendia o excedente ao Brasil. No entanto, esse cenário está mudando.

A demanda paraguaia está em alta, impulsionada pelo crescimento econômico, pela instalação de data centers (incluindo os de inteligência artificial) e pela mineração de criptomoedas, atividades que consomem muita energia. A Itaipu Binacional projeta que até 2035 o Paraguai consumirá toda a sua parte da energia, o que significa que o excedente para o Brasil pode acabar.

Diante desse cenário, a usina estuda a instalação de mais duas turbinas e explora novas frentes de geração de energia, como um parque de usina solar flutuante no reservatório, que poderia até dobrar a capacidade de produção. Outros projetos incluem o desenvolvimento de hidrogênio verde e biogás, reafirmando o compromisso com a inovação e a sustentabilidade.

A usina também passa por uma atualização tecnológica de US$ 670 milhões, com previsão de 14 anos de duração, para modernizar seus sistemas sem alterar os equipamentos pesados, que ainda estão em excelente estado.

DAS LEIS ÀS OBRAS
Compartilhe este artigo
Jornalista | Registro Profissional - MTE Nº 0012600/PR
Seguir:
Minha rotina é transformar a curiosidade em informação de interesse público. Eu não apenas conto histórias; eu documento a realidade.