Após ter jantado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, sancionado pela Lei Magnitsky, fez duras críticas nesta sexta-feira (1º/08) à articulação de brasileiros nos Estados Unidos por conta das sanções impostas pela Casa Branca contra o Brasil, contra ministros do STF e a favor do ex-presidente Jair Bolsonaro. Moraes classificou a iniciativa como “covarde, traiçoeira e criminosa“.
Durante a reabertura dos trabalhos do STF, Moraes afirmou que a atuação nos EUA é parte de uma “verdadeira organização criminosa” que age para “submeter o funcionamento deste STF ao crivo de um Estado estrangeiro“.
O ministro Alexandre de Moraes “dobra aposta” e garantiu que irá ignorar as sanções [Lei Magnitsky] da Casa Branca que o atingiram pessoalmente e que continuará trabalhando.
Resposta pública à pressão da Casa Branca
Essa foi a primeira vez que Moraes respondeu publicamente à pressão da Casa Branca, que impôs sanções relacionadas ao processo em que Bolsonaro é réu por tentativa de golpe de Estado.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, lidera o grupo que pressiona por barreiras tarifárias contra o Brasil e pela aplicação da Lei Magnitsky contra Moraes, o que o impediria de entrar nos EUA ou fazer transações financeiras no sistema Swift Global.
Sem citar nomes, Moraes voltou a chamar a atuação de “miliciana” e “tirânica“, com o objetivo de criar impunidade e interferir no julgamento da trama golpista. “É uma verdadeira traição à pátria“, disse o ministro, alertando que os envolvidos estão cometendo crimes como coação e atentado à soberania nacional.
Ameaças e a suposta trama golpista
Moraes mencionou as ameaças feitas nas redes sociais a ministros e suas famílias, comparando o sistema de governo atual no Brasil à de “milicianos do submundo do crime“. Ele defendeu que o STF, a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a Polícia Federal não cederão a essas pressões.
O ministro também comparou o lobby por sanções nos EUA ao que levou aos ataques de 8 de janeiro, sugerindo que ambos tinham o mesmo objetivo: gerar “comoção nacional” para viabilizar um golpe. “O modus operandi golpista é o mesmo“, afirmou.
Reação de outros ministros
O ministro Gilmar Mendes também defendeu Moraes e criticou a articulação bolsonarista nos EUA, chamando-a de “covarde”. Ele garantiu que o STF “não se dobra a intimidações” e que os atos criminosos “receberão uma resposta à altura“.
Segundo Moraes, relator do caso contra Bolsonaro, os julgamentos dos quatro principais núcleos da suposta trama golpista devem ser concluídos ainda este ano.
Além da “caça às bruxas” dita por Donald Trump e pela Casa Branca contra Bolsonaro, os EUA também expressaram insatisfação com ordens judiciais que afetam plataformas americanas, “práticas desleais” e o não alinhamento do Brasil à agenda de Donald Trump.