A tensão no Oriente Médio atinge um ponto crítico. Israel alertou sobre a possibilidade de novos ataques ao Irã neste sábado, 26 de junho, após Teerã disparar uma enxurrada de mísseis e drones que resultou na morte de três pessoas e dezenas de feridos em território israelense. A ação iraniana foi uma retaliação a uma série de ataques israelenses contra suas instalações nucleares e militares, ocorridos na sexta-feira.
Escalada da Crise: Danos e Baixas em Ambos os Lados
As Forças de Defesa de Israel (IDF) afirmaram ter realizado mais de 400 ataques aéreos nas últimas 24 horas como parte da Operação “Leão Ascendente”, atingindo dezenas de locais de mísseis e sistemas de defesa aérea em Teerã. Segundo Israel, esses ataques foram os mais profundos já realizados pela Força Aérea Israelense e resultaram na eliminação de mais de 20 comandantes iranianos de alto escalão, incluindo cientistas e especialistas envolvidos no programa nuclear, além de vários generais de alta patente. Imagens de satélite, analisadas pela Associated Press, confirmam danos significativos à instalação nuclear de Natanz e a bases de mísseis em Kermanshah e Tabriz.
Por sua vez, o embaixador do Irã na ONU declarou que 78 pessoas morreram e mais de 320 ficaram feridas nos ataques israelenses. O Irã também confirmou a morte de dois generais de alta patente: Gholamreza Mehrabi, vice-chefe de inteligência do Estado-Maior das Forças Armadas, e Mehdi Rabbani, vice-chefe de operações.
Impacto Regional e Reações Internacionais
A escalada da violência gerou preocupação global. Líderes do Egito e da Turquia alertaram que a “abordagem de escalada” de Israel corre o risco de mergulhar todo o Oriente Médio em um “caos total”, pedindo a cessação imediata das operações militares e o retorno às negociações. O Papa Leão XIV também apelou à responsabilidade e razoabilidade de Israel e Irã, defendendo que “a paz e a diplomacia devem prevalecer”.
Como consequência dos ataques, as negociações indiretas entre EUA e Irã sobre o programa nuclear iraniano, que estavam agendadas para domingo em Omã, foram adiadas. O ministro das Relações Exteriores de Omã, Badr al-Busaidi, anunciou que a reunião “não ocorrerá agora”, embora “a diplomacia e o diálogo continuem sendo o único caminho para uma paz duradoura.” O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, considerou as negociações “injustificáveis” diante dos ataques israelenses, que, segundo ele, são resultado do “apoio direto de Washington”.
A Rússia, através de seu ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, ofereceu ajuda para aliviar as tensões e reiterou sua condenação às ações militares de Israel, classificando-as como uma violação da Carta da ONU e do direito internacional. Reino Unido e Arábia Saudita também expressaram preocupação e a necessidade de diminuir a tensão.
Consequências dos Ataques: Além das Baixas Humanas
Além das perdas humanas, a escalada do conflito já causa impactos diretos na região. Um drone israelense atingiu uma refinaria no campo de gás South Pars, no Irã, marcando o primeiro ataque israelense à indústria de petróleo e gás natural iraniana.
Em Israel, o principal aeroporto internacional, Ben Gurion, permanece fechado, enquanto Líbano, Jordânia e Síria reabriram seus espaços aéreos após o breve fechamento devido aos ataques. A Jordânia, inclusive, relatou três feridos na cidade de Irbid por um objeto não especificado que caiu sobre uma casa.
No Egito, o Grande Museu Egípcio, megaprojeto próximo às Pirâmides de Gizé, teve sua inauguração adiada para o quarto trimestre de 2025 devido aos “desenvolvimentos regionais em andamento”. Além disso, Israel suspendeu o fornecimento de gás natural ao Egito, forçando o governo egípcio a interromper o fornecimento para algumas indústrias e resultando em escassez de combustível para usinas de energia.
O Que Esperar?
O cenário continua volátil. O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, alertou que “Teerã vai queimar” se continuar disparando mísseis, enquanto os militares israelenses ameaçam retomar os ataques a alvos na capital iraniana. A comunidade internacional, incluindo o Secretário-Geral da ONU, Antonio Guterres, continua a apelar pelo fim da escalada e pela prevalência da diplomacia. A próxima rodada de negociações nucleares e a forma como Irã e Israel responderão aos próximos movimentos definirão o futuro da região.