Acabou a Química? Lula provoca Trump ao criticar ação dos EUA na Venezuela

Repórter Jota Silva
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) utilizou a abertura do 16º congresso do PC do B, em Brasília, nesta quinta-feira (16.out.2025), para fazer uma defesa veemente da soberania da Venezuela e provocar o presidente norte-americano, Donald Trump, ao criticar a interferência externa.

O discurso de Lula, de que o povo venezuelano é “dono do seu destino”, ocorre em um momento de escalada de tensões entre Caracas e Washington e levanta um questionamento: acabou a “química” entre Lula e Trump? O Brasil tem tentado estreitar laços com os EUA, mas a crítica direta do presidente brasileiro pode estremecer a relação.

Lula rebateu diretamente a narrativa da direita de que um governo de esquerda transformaria o Brasil na Venezuela:

“O Brasil nunca será a Venezuela, e a Venezuela nunca será o Brasil. Cada um será ele [próprio]. O que nós defendemos é que o povo venezuelano é dono do seu destino e não é nenhum presidente de outro país que tem que dar palpite de como vai ser a Venezuela ou vai ser Cuba”, declarou.

Tensão com os Estados Unidos

O posicionamento de Lula se deu no mesmo dia em que o PT divulgou nota condenando a postura de Donald Trump. Na véspera (15.out), Trump havia mencionado a realização de operações terrestres contra o narcotráfico internacional, horas após o jornal New York Times noticiar que seu governo autorizou a CIA a atuar para derrubar o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela informou que apresentará uma queixa formal contra os Estados Unidos no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) e ao secretário-geral António Guterres por tentativa de golpe.

Ainda em seu discurso, Lula também defendeu Cuba, dizendo que sua posição é “muitas vezes mal compreendida”. O presidente rejeitou a classificação de que Cuba seria um “país exportador de terrorista” e a classificou como um “exemplo de povo com dignidade.”

Crítica à Comunicação da Esquerda

No âmbito interno, Lula aproveitou o congresso para fazer uma autocrítica sobre a comunicação dos partidos de esquerda. Ele citou a dificuldade em se conectar com a população, o que, segundo ele, permitiu que a direita dominasse o debate de temas sensíveis.

“Nós nos distanciamos do povo,” afirmou. O presidente listou exemplos de narrativas mal explicadas: “A direita conseguiu colocar na cabeça do povo que todos nós defendemos o aborto de qualquer jeito, e o povo não defende. A direita botou na cabeça do povo que nós, que defendemos os direitos humanos, queremos os bandidos fora da cadeia, e nós não sabemos explicar isso.”

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