A Suíça e o dilema das tarifas americanas: um golpe na economia e um desafio diplomático

Redação Saiba Já News
Berna, capital da Suíça

Os Estados Unidos impuseram uma tarifa de 39% sobre produtos suíços, a mais alta entre os países europeus. A decisão chocou a Suíça, que viu suas esperanças de um acordo comercial favorável desmoronarem. A notícia, que dominou as manchetes suíças, foi descrita pelo jornal Blick como a “maior derrota do país desde a batalha de Marignano, em 1515”.

A alta taxa é um revés significativo. Há poucas semanas, o governo suíço estava confiante, após sua presidente, Karin Keller-Sutter, se reunir com o secretário de Comércio norte-americano, Scott Bessent. Ela havia saído do encontro com a promessa de que a Suíça seria um dos primeiros países a negociar um acordo comercial com Washington.


O ponto crítico: o déficit comercial

Apesar dos esforços suíços, a última tentativa de negociação entre Keller-Sutter e o presidente Donald Trump não foi bem-sucedida. O principal motivo apontado para a tarifa punitiva de 39% é o déficit comercial, uma questão central para Trump.

  • Números em disputa: Segundo o governo suíço, o déficit comercial com os EUA foi de US$ 47,4 bilhões em 2024. No entanto, se os serviços forem incluídos, o valor cai para US$ 22 bilhões.
  • Esforços suíços: Para tentar reverter a situação, a Suíça zerou suas próprias tarifas sobre produtos industriais americanos e incentivou investimentos bilionários de empresas como Nestlé e Novartis nos EUA. Segundo dados suíços, o país já é o sexto maior investidor nos Estados Unidos, gerando cerca de 400 mil empregos.

Apesar desses esforços, o déficit persiste, em parte porque a população suíça de apenas 9 milhões de habitantes tem um baixo consumo de produtos americanos, como carros e alimentos.


O que a Suíça pode fazer agora?

Com a entrada em vigor das tarifas prevista para 7 de agosto, a Suíça tem uma pequena janela para agir. O governo corre contra o tempo para reverter a decisão, alertado pelas empresas locais sobre a perda de milhares de empregos.

Diante do impasse, o país se vê com poucas opções. Já ofereceu todas as concessões possíveis em negociações anteriores. As táticas restantes, consideradas “nucleares”, incluem:

  • Retirar as promessas de investimento.
  • Impor tarifas recíprocas.
  • Cancelar a compra de caças F-35 fabricados nos Estados Unidos.

A indignação é generalizada. Muitos suíços se sentem punidos por viverem em um dos países mais competitivos e inovadores do mundo. A presidente Keller-Sutter resumiu o problema ao declarar que, para Trump, o déficit comercial era o principal obstáculo.

A situação desafia a previsibilidade comercial que a Suíça sempre buscou e coloca em xeque a relação com um de seus principais mercados de exportação.

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