No Dia Nacional da Doação de Órgãos, instituído pela lei federal nº 11.584/2007 e celebrado neste sábado, 27 de setembro, a Prefeitura de Maringá, por meio da Secretaria de Saúde, conscientiza a população sobre a importância de se tornar um doador e, principalmente, comunicar os familiares sobre a decisão. Falar sobre o assunto em casa é o primeiro passo para que a dor da perda se transforme em solidariedade e novas chances de vida.
“O número de recusas familiares ainda é alto e a maioria das justificativas é a falta de conversa sobre o tema. Por isso, sempre reforçamos a importância de comunicar a decisão de ser um doador aos familiares. A família que decide pelo sim pode ressignificar a morte, sabendo que seu ente querido deixou um legado de cura para outras pessoas”, afirma a coordenadora de Doação de Órgãos e Transplante do Hospital Santa Rita, Vivianne Toniol.
A instituição, que oferece atendimento 100% pelo Sistema Único de Saúde (SUS), se consolidou como um dos principais centros transplantadores do Sul do Brasil. O hospital já realizou 585 transplantes de órgãos, sendo 379 de rim (desde 2008) e 206 de fígado (desde 2019). Apenas em 2025, foram 64 de fígado e 20 de rim.
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A lista de procedimentos representa inúmeras histórias de perseverança, fé e superação. É o caso da Ellen Nogueira, que em 2019 descobriu um nódulo no fígado e, após três anos de tratamento, passou por avaliação com a equipe de transplantes do Hospital Santa Rita. “Foi constatado que eu tinha adenomas com risco de malignização. Por isso, entrei na fila de transplante em caráter especial. Os médicos explicaram que a cirurgia seria complexa, mas necessária, já que os nódulos eram grandes, hipervascularizados e não regrediam. Depois de muitos exames de acompanhamento, no dia 9 de novembro de 2024 realizei o tão esperado transplante de fígado. Foi uma bênção que salvou minha vida.”
Para o secretário de Saúde, Antônio Carlos Nardi, a campanha nacional Setembro Verde é fundamental para conscientizar a população. “Neste Setembro Verde, celebramos vidas salvas graças à solidariedade das famílias doadoras e ao trabalho das equipes de saúde que atuam em todas as etapas do transplante. A doação de órgãos é um gesto de amor que transforma a dor em esperança e salva vidas”, afirmou. Um único doador pode salvar até oito vidas, doando rins, fígado, coração, pulmões, córneas e outros tecidos.
Doar vida em vida – Há possibilidades da doação de vida ainda em vida, como a doação de sangue e a de medula óssea. Essa última se destaca pelo desafio: a chance de compatibilidade é rara e pode chegar a 1 em 50 mil – de brasileiro para brasileiro, e de uma para 1 milhão se a busca for internacional.
Para a jornalista Lethícia Conegero, receber a notícia de que era 100% compatível com uma pessoa que aguardava o transplante de medula foi um presente. Ela se cadastrou como doadora voluntária de medula óssea em 2012, motivada pela luta de uma amiga de infância contra a leucemia. Dez anos depois, em 2022, recebeu a primeira ligação do Redome e, após exames confirmatórios no Hemocentro de Maringá, foi informada que havia compatibilidade.
Em junho de 2023, a jornalista viajou para Barretos, em São Paulo, com toda a logística custeada pelo SUS, e realizou o procedimento de doação no Hospital do Amor. “Saber que a minha doação deu continuidade à vida de alguém e esperança a uma família inteira trouxe um novo sentido à minha vida. Existe algo de mágico em doar: o sentimento de fazer o bem é único e preenche o coração.”
Qualquer pessoa entre 18 e 35 anos pode realizar o cadastro no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). Em Maringá, o cadastro e coleta para o exame de compatibilidade é realizado no Hemocentro Regional de Maringá, ao lado do Hospital Universitário. O cadastro é feito uma única vez e, em caso de compatibilidade com algum paciente que aguarda transplante, o doador é avisado. É importante manter sempre os dados de contato atualizados no site do Redome.
A Prefeitura de Maringá reforça que toda doação importa: doe órgãos, doe medula, doe tempo, doe vida.