A aluna Larissa Takua Poty Ju Lopes, de 15 anos, será a primeira aluna indígena a participar do Ganhando o Mundo, programa de intercâmbio do Governo do Estado. A estudante da terra indígena Tekoha Añatete, de Diamante do Oeste, no Oeste do Estado, foi um dos alunos selecionados para passar um semestre letivo de 2025 em um país estrangeiro. Ela foi recebida nesta segunda-feira (10) pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior no Palácio Iguaçu.
O Ganhando o Mundo tem como objetivo levar alunos a outros países para estudar outras línguas e conhecer novas culturas, compartilhando com os colegas de escola a experiência no exterior. A edição do ano que vem será a maior da história do programa, com 1,2 mil selecionados que vão viajar para Austrália, Canadá, Irlanda, Nova Zelândia e Reino Unido.
“Este é o maior programa de intercâmbio do Brasil e estamos muito felizes que a Larissa será nossa primeira aluna indígena do Ganhando o Mundo. Ela vai representar toda a cultura guarani, que é uma comunidade muito importante do Paraná, em outro país”, afirmou o governador.
- Maior programa do País: Estado vai destinar R$ 391,4 milhões para construir 300 creches
- Ratinho Junior lança projeto para formação tecnológica de 3 mil alunos em 50 cidades
EXPECTATIVA – Para ser uma das selecionadas, a jovem passou por um processo seletivo que contou com mais de 12 mil estudantes da rede estadual de ensino do Paraná e levou em conta o desempenho escolar dos adolescentes, a frequência deles nas aulas e a participação em atividades extracurriculares.
Larissa, além de ser uma das alunas com as melhores notas da escola, também ajuda os alunos mais novos nos estudos como monitora e tem frequência máxima nas aulas.
Mesmo com toda essa dedicação, a estudante disse que demorou a acreditar que tinha sido uma das selecionadas para o programa de intercâmbio. “Primeiramente eu não acreditei. Foi todo um processo até entender que isso tinha acontecido comigo. Foi uma emoção muito grande”, contou.
Mesmo sem saber para onde vai, já que o país de destino de cada aluno ainda será definido em uma etapa posterior do programa, a jovem já sabe que será a maior viagem da sua vida. “Eu nunca viajei e nem nunca vi de perto um avião. Eu já fui para o Paraguai, já que moro na fronteira, e hoje vim para Curitiba. O intercâmbio vai ser uma experiência muito diferente, com muitas coisas novas, como conhecer um outro país muito diferente, uma nova língua e novas culturas”, disse.
Na bagagem, Larissa vai levar a cultura do povo guarani, representando seus 140 colegas da Escola Indígena Kuaa Mbo’E e as quase 500 pessoas que vivem na comunidade Tekoha Añetete.
“Ela é uma aluna muito dedicada e esforçada. É realmente merecedora disso tudo e todos na escola estão muito felizes por ela, que será a primeira aluna a viajar para outro continente. Certamente isso vai servir de inspiração e motivação para os colegas dela”, disse o diretor da escola, Jairo Cesar Bortolini.
O Paraná tem cerca de 1 milhão de alunos na rede estadual de ensino. Deste total, cerca de 7 mil são indígenas. A maior parte deles estuda em escolas indígenas, que são instituições que promovem a interação dos estudantes com as comunidades locais, preservando as tradições dos povos originários.
“No caso do colégio Kuaa Mbo’E, todos os alunos são da comunidade indígena. Muitos deles chegam à escola só sabendo falar guarani e aprendem a língua portuguesa lá”, afirmou o diretor.
Para o cacique da aldeia Tekoha Añetete, João Joetavy Miri Alves, a dinâmica é fundamental para a preservação da cultura local. “É importante para que eles mantenham a cultura guarani, aprendam as duas línguas e preservem as tradições da família indígena. Por outro lado, este intercâmbio que a Larissa vai fazer para outro país vai ser uma oportunidade de levar a nossa cultura para o mundo todo”, disse.
- Ratinho Junior lança projeto para formação tecnológica de 3 mil alunos em 50 cidades
- Agenda cultural da semana tem espetáculos do ‘Expresso Cultural’, ‘Convite às Artes’ e ‘Prêmio Aniceto Matti’; confira a programação
Em Diamante do Oeste, a população indígena representa cerca de 10% do município. “As comunidades indígenas são muito importantes culturalmente para o município e nós temos muito orgulho que a Larissa será a primeira intercambista da cidade pelo Governo do Estado”, afirmou o prefeito Guilherme Pivatto Júnior.
GANHANDO O MUNDO – O programa foi lançando em 2019 e, desde então, em suas quatro edições, 1.240 estudantes da rede de ensino já viajaram o mundo.
Entre fevereiro e julho de 2022, na primeira edição, 100 alunos foram enviados ao Canadá, e na segunda, entre julho e outubro do mesmo ano, outros 100 viajaram para a Nova Zelândia. Já na terceira edição, cujas inscrições foram realizadas em 2023, a França passou a integrar a lista de destinos na versão do Ganhando o Mundo França. Na ocasião, 40 estudantes viajaram ao país. Em 2024, na terceira edição do programa, mais mil alunos embarcaram para Austrália, Canadá, Inglaterra, Nova Zelândia e Estados Unidos.
O intercambista permanece por um período letivo (aproximadamente seis meses) em instituições de ensino estrangeiras, tendo a oportunidade de aprimorar o repertório cultural e acadêmico; vivenciar a realidade de outros países; desenvolver a autonomia; aperfeiçoar o idioma estrangeiro e consolidar-se numa rede de jovens líderes que atuarão nas escolas da rede pública estadual de ensino.
Os custos de alimentação, hospedagem, transporte, emissão de vistos e passaportes, passagens aéreas e terrestres, exames médicos, vacinas, seguro viagem e saúde, taxa de matrícula, mensalidade da escola no Exterior, material didático, uniforme, tradução juramentada da documentação escolar, reuniões de orientação, assim como o curso preparatório de língua estrangeira, são custeados pela Secretaria de Educação. Os alunos também recebem um auxílio de R$ 800 por mês.