Dos 27 depoimentos concedidos à Polícia Federal (PF) no inquérito que apura a suposta tentativa de golpe de Estado e subversão das eleições presidenciais de 2022, 14 pessoas ficaram em silêncio alegando o direito constitucional de não produzirem provas contra si mesmos ou suposta “falta de acesso a todos os elementos de prova”.
Todos eles integram, de uma forma ou de outra, de acordo com a própria PF e relatório do ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF), núcleos de pessoas que supostamente atuaram dentro do suposto esquema de golpe de Estado.
Dos 14 que estiveram na PF, 12 são militares, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, e faziam parte dos núcleos de assessoramento dele ou ocupantes de cargos no governo federal. De civis, havia um padre e um advogado.
Jair Bolsonaro e Braga Netto são as duas pessoas com maior posicionamento na hierarquia no grupo que prestou depoimento. Braga Netto foi ex-ministro da Defesa de Bolsonaro e candidato a vice-presidente na chapa nas eleições de 2022.
Militar da reserva, Braga Netto foi ministro-chefe da Casa Civil, de 2020 a 2021, e ministro da Defesa, de 2021 a 2022. Com longa carreira militar, exerceu o cargo de comandante militar do Leste entre 2016 e 2019. E em 2018, foi nomeado interventor federal na área de Segurança Pública no estado do Rio de Janeiro.
A enorme lista de depoentes que preferiam manter o silêncio diante da PF está o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, que já havia sido secretário-geral do Ministério da Defesa. Foi o almirante que colocou a Marinha à disposição de Bolsonaro em caso de um golpe de Estado ser dado, conforme as investigações.
O sigilo sobre as declarações foi tirado nesta sexta-feira (15) pelo relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Alexandre de Moraes.