“Tirou o corpo fora!” Na CPMI do 8 de Janeiro, G. Dias culpa PM do Distrito Federal por invasões

Depoimento do general Gonçalves Dias (G. Dias), ex-ministro do GSI na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que apura as invasões do dia 8 de janeiro.

O general Gonçalves Dias (G. Dias), ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), depõe nesta quinta-feira (31) na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que apura as invasões do dia 8 de janeiro, quando vândalos invadiram e depredaram os edifícios-sede dos Três Poderes, no centro de Brasília.

Questionado sobre se os militares G. Dias afirmou à CPMI do 8 de Janeiro que a destruição das sedes dos Três Poderes ocorreu por conta de uma falha da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF).

“Ao desligar o telefone com o general Dutra, olhei para a direção do Plano Piloto e vi os manifestantes começando a descer a pista do Ministério da Justiça, que é uma rampa. Assisti ao último bloqueio da Polícia Militar ser facilmente rompido antes que os vândalos chegassem ao Planalto. Aquilo não podia ter acontecido. Só aconteceu porque o bloqueio da Polícia Militar foi extremamente permeável”, disse G. Dias.

Gonçalves Dias também relatou que o GSI não foi convidado para uma reunião da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF). 

  • Saiba também: Pirâmides Financeiras: CPI da Câmara vai pedir condução coercitiva de sócios da 123milhas
  • Saiba também: Paraná e Espírito Santo firmam acordo nesta quarta (30) para trocar experiências na área de inovação

De acordo com G. Dias, o encontro resultou no Protocolo de Ações Integradas (PAI), que previa bloqueios e revistas de manifestantes no Buraco do Tatu (local na área central de Brasília, a 2,5 km de distância da Praça dos Três Poderes). 

“O PAI também previa como responsabilidade da polícia que nenhum manifestante ou veículo atingisse a Praça dos Três Poderes. O bloqueio do Buraco do Tatu foi feito. Entretanto, a revista prevista para ocorrer lá não foi feita. Os manifestantes romperam com facilidade o cordão de isolamento da PM e impediram a revista. Deveria existir depois daquele ponto um bloqueio total que impedisse o acesso à Alameda das Bandeiras e à Praça dos Três Poderes. Esse bloqueio, aparentemente, não existiu ou foi tênue, inexpressivo”, explicou Gonçalves Diasl,

G. Dias ainda enfatizou, que o governo sabia da invasão, segundo ele o Plano Escudo da guarda presidencial foi acionado desde o dia 6 de janeiro.

Sobre as imagens em que ele aparece junto a manifestantes no terceiro andar do Palácio do Planalto, onde fica o gabinete do presidente da República, G. Dias justificou que teve “ímpetos” de reagir e confrontar os vândalos, mas se controlou para cumprir a missão de evitar que destruíssem o andar onde ficava a sala presidencial.

O general, ex-GSI citou também um marechal do Exército Brasileiro para justificar a ação de forma pacífica. “Era preciso evacuar os manifestantes do prédio, prender o máximo de manifestantes possível e não permitir a escalada de violência, garantindo a integridade física dos presos com o mínimo de feridos e sem nenhum óbito. Eu estava desarmado e à paisana; havia saído de casa sem saber que tipo de situação encontraria e jamais esperei na minha vida aquela situação.” Disse G. Dias.

‘Morrer, se preciso; matar, nunca’ foi o lema do marechal Cândido Rondon, um dos patronos do Exército Brasileiro… O meu lema também sempre foi”, argumentou G. Dias.

“Concentrei-me para retirar os vândalos do palácio o mais rápido possível, de preferência sem baixas e sem confrontos sangrentos. Só havia uma forma de fazer isso: de cima para baixo”, finalizou o general Gonçalves Dias.

G. Dias sobre a possibilidade de sabotagem

Questionado sobre se os militares colocados em cargos de confiança pelo governo anterior no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) sabotaram a segurança no dia 8 de janeiro, o ex-ministro da pasta Gonçalves Dias disse que quer acreditar que não, mas defendeu punição de possíveis envolvidos nos ataques dentro do GSI.  

“Eu herdei uma estrutura. Na primeira semana não deu para mudar nada. Mas eu quero acreditar que isso [sabotagem] não seja verdade. Nós temos que acreditar que as Forças Armadas são organizações de Estado, não de governo. Se houve algum erro, esse erro tem que ser apurado e a pessoa tem que ser punida”, respondeu Dias.  

  • Paraná desenvolvimento
Compartilhe este artigo