MP de Contas pede afastamento do prefeito de Sarandi, Carlos De Paula, por crise na educação

Carlos Jota Silva
Carlos De Paula, prefeito de Sarandi, PR. Foto: Jota Silva/Saiba Já News

O Ministério Público de Contas do Paraná (MPC-PR) protocolou um pedido de afastamento cautelar do prefeito de Sarandi, Carlos Alberto de Paula Júnior (De Paula), por um período mínimo de 90 dias. A medida ocorre em meio a uma grave crise na educação infantil do município, com mais de 1.700 crianças fora das creches, e acusações de obstrução de decisões do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR).

Entenda o pedido de afastamento de Carlos De Paula

Segundo a representação do MPC-PR, o afastamento é necessário para evitar que o prefeito continue a utilizar o cargo para reiterar irregularidades administrativas. O órgão afirma que a gestão municipal estaria comprometendo a continuidade do ensino infantil e colocando em risco o início do ano letivo de 2026.

A crise se intensificou após o envio do Projeto de Lei nº 3.599/2025 à Câmara Municipal. O texto propunha a revogação da lei que permite a compra de vagas na rede privada (vouchers) quando não há espaço na rede pública. Para o Ministério Público, a manobra foi uma tentativa de “esvaziar” decisões anteriores do TCE-PR, configurando afronta à autoridade da Corte.

Os principais pontos da crise na educação em Sarandi:

  • Déficit de vagas: Atualmente, 1.729 crianças aguardam por uma vaga em creches no município.
  • Rompimento de contratos: No início de 2025, a prefeitura rescindiu contratos com instituições privadas, alegando que a rede própria daria conta da demanda — o que não se concretizou.
  • Risco de retrocesso: O MPC-PR argumenta que não houve plano de transição para garantir o atendimento das crianças após o fim dos contratos.

Medidas solicitadas pelo MPC-PR ao Tribunal de Contas

Além do afastamento imediato do prefeito, o Ministério Público de Contas requer:

  1. Suspensão do projeto de lei que revogava a compra de vagas.
  2. Restabelecimento dos contratos com as creches privadas rompidos em 2025.
  3. Adoção de um plano de universalização de vagas na rede pública municipal.

“A iniciativa de revogar a lei de vagas sem um plano de transição configura violação ao princípio da vedação ao retrocesso social”, sustenta o órgão.


Reviravolta: Prefeito retira projeto após intimação

O conselheiro relator do caso no TCE-PR, Maurício Requião de Mello e Silva, deu um prazo de cinco dias para que o prefeito e o presidente da Câmara Municipal, Dionizio Aparecido Viaro, se manifestassem.

Em resposta rápida na tarde desta quinta-feira (18), a Câmara Municipal de Sarandi informou que o prefeito Carlos De Paula solicitou a retirada do projeto de lei que motivou o pedido de afastamento. Apesar do recuo do Executivo, o Tribunal de Contas ainda analisará o mérito do pedido de afastamento e as demais medidas cautelares solicitadas pelo MP.

A defesa do prefeito Carlos De Paula ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso

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